Resumo |
A esquistossomose é uma parasitose endêmica causada por vermes do gênero Schistosoma, que tem como hospedeiros intermediários caramujos de água doce. A doença afeta pelo menos 250 milhões de pessoas no mundo, mais de 6,8 milhões no Brasil. Além dos números mostrarem que a eliminação da esquistossomose está longe de ser alcançada, o arsenal químico para o controle da endemia é limitado a dois fármacos. O praziquantel é o único fármaco recomendado para tratamento individual e programas de controle da endemia. Apesar de seguro, não é ativo contra vermes jovens e não previne a reinfecção. A resistência ao tratamento ainda não foi observada clinicamente, mas já foi relatada a ocorrência de parasitas menos suscetíveis ao fármaco em laboratório. Para o controle dos moluscos hospedeiros, há um único moluscicida, a niclosamida, efetivo contra caramujos adultos e ovos, porém bastante tóxico para outras espécies. Produtos naturais têm sido fonte alternativa de compostos ativos, dada a falta de interesse da indústria farmacêutica no desenvolvimento de fármacos para as doenças negligenciadas.
Em nossos estudos de screening de compostos de uso potencial no controle da esquistossomose a partir de fontes naturais, foram identificadas algumas espécies de algas marinhas brasileiras do gênero Laurencia e Dictyota com atividade esquistossomicida e moluscicida.
Para este estudo, foram selecionadas, inicialmente, 4 dihidroceramidas isoladas da alga L. aldingensis para estudos de identificação de novos protótipos. Dessas, a mais ativa foi selecionada como protótipo nos estudos de modelagem molecular para a proposição de novas entidades químicas.
O objetivo deste projeto é a obtenção, por processos sintéticos, de análogos dessa estrutura que possam apresentar uma atividade esquistossomicida similar ou melhor que o produto natural. Estão sendo investigados o tamanho de cadeia alquílica (hidrofóbica) necessário para manter a atividade, a partir da introdução de cadeias lineares saturadas de 6, 8, 12, 18 e 20 carbonos; bem como a modificação molecular de grupos funcionais na “cabeça polar” para otimizar o efeito desejado. Os compostos previstos/planejados serão primeiramente investigados com métodos de modelagem molecular e cálculo de propriedades para direcionar os esforços experimentais de síntese química para os mais promissores.
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