Resumo |
O aumento da expectativa de vida tem elevado a demanda por medicamentos úteis no tratamento de doenças crônicas, especialmente aquelas que afetam o trato digestório (úlceras gástricas e duodenais, colite ulcerativa e doença de Crohn), diabetes, câncer e as demais doenças inflamatórias. O uso de fitoterápicos padronizados com eficácia e segurança determinadas tem apresentando resultados surpreendentes. No Brasil, há deficiências na correta caracterização química das matérias-primas, assim como na avaliação das atividades farmacológicas e toxicológicas desses materiais, etapas essenciais para assegurar eficácia e segurança dos fitoterápicos. Recentemente, o Ministério da Saúde lançou uma lista com 71 plantas para o desenvolvimento de fitoterápicos, no entanto, ressalta que as espécies vegetais da lista ainda não são suficientes para suprir as necessidades de planos governamentais de saúde, inclusive dentro da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Conforme apontado por assessoria externa ao nosso projeto anterior, a abordagem químico-farmacológica integrada ‘contribui para o desenvolvimento de novas drogas, fato importante para a diminuição da dependência nacional à importação de fármacos e medicamentos’. Assim, este projeto propõe padronizar novos fitoterápicos para tratar doenças crônicas na população brasileira: doenças gastrintestinais (úlceras, colites, doença inflamatória intestinal), inflamação, dores crônicas, câncer e diabetes. Extratos serão preparados de acordo com normas farmacopêicas e avaliados sob aspectos farmacológicos (úlceras, câncer, diarréia, inflamação, diabetes, imunomodulação) e toxicológicos (toxicidade aguda e crônica, genotoxicidade). Os extratos mais promissores serão padronizados de acordo com normas internacionais. O trabalho será transdisciplinar, com participantes de vários campi da UNESP (Instituto de Química de Araraquara, Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, Instituto de Biociências de Botucatu, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Botucatu, Faculdade de Ciências de Assis, Faculdade de Ciências de Bauruda Universidade Estadual de Campinas, Universidade Estadual de Londrina, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal de Alfenas), consolidando uma rede químico-farmacológica de estudos de plantas medicinais brasileiras. Nosso grupo de pesquisa sempre foi centrado no estudo químico-farmacológico de plantas com potencial atividade biológica. Os estudos compreendem o isolamento e identificação das substâncias presentes nos extratos vegetais, acompanhado de ensaios farmacológicos biomonitorados. Esse intercâmbio gerou o estudo de centenas de extratos vegetais de várias espécies brasileiras, com grande volume de resultados e expressiva formação de recursos humanos, todos registrados nos respectivos Curriculum Lattes. Já foram isolados e identificados lactonas sesquiterpênicas, alcalóides, flavonóides, catequinas, taninos, terpenóides, ácidos fenólicos, naftopironas, glicolipídeos e saponinas, vários com comprovada atividade antiulcerogênica, antiofídica, cicatrizante e antiinflamatória. Uma patente foi requerida junto a uma indústria farmacêutica nacional (INPI-PI0401592-4). Portanto, o engajamento de uma equipe multidisciplinar e interinstitucional favorece a ampla disseminação de conhecimento e o completo estudo integrado da planta medicinal bem como favorece a otimização dos recursos financeiros e fundamentalmente contribui para que o país obtenha avanços tecnológicos e científicos próprios para uma maior autonomia na área de medicamentos. |