Resumo |
A Mata Atlântica é um das cinco áreas de maior diversidade biológica do planeta. A origem desta diversidade, no entanto, é ainda pouco conhecida. Estudos evolutivos, baseados principalmente em espécies endêmicas de ampla distribuição, indicam uma história temporalmente e espacialmente complexa. A história dos ambientes montanos da Mata Atlântica é ainda pouco conhecida, e modelos exclusivos destes ambientes podem revelar facetas ainda desconhecidas do processo de diversificação. Flutuações climáticas poderiam afetar a distribuição altitudinal de organismos montanos, promovendo isolamento durante períodos interglaciais (como o atual). De forma alternativa, eventos neotectônicos poderiam promover isolamento por meio, por exemplo, da geração de vales. O gênero Poospiza apresenta três espécies que ocorrem em florestas montanas do bioma. Tanto P. thoracica como o complexo P. lateralis/P. cabanisi ocorrem de forma disjunta entre as montanhas do sudeste e sul do Brasil. Suas distribuições são interrompidas na Serra do Mar, no estado de São Paulo. Estas distribuições disjuntas coincidentes podem ter sido fruto de isolamento em refúgios interglaciais montanos ou de eventos tectônicos recentes. Este trabalho tem como objetivo avaliar o grau de diferenciação entre as populações disjuntas de P. thoracica e do complexo P. cabanisi/P. lateralis, estimar há quanto tempo estas disjunções ocorreram, e o grau de concordância entre tempos de divergência e assinaturas demográficas nestas espécies. A comparação destes resultados com dados das espécies de vertebrados endêmicos estudados até o momento poderá revelar mecanismos de diversificação ainda pouco explorados no bioma, e contribuir para a conservação da fauna montana da Mata Atlântica. |