Detalhes do Projeto


Nome Biodiversidade das interações entre vertebrados frugívoros e plantas da Mata Atlântica do Sudeste do Brasil   Projeto FAPESP
Website http://www.ib.unicamp.br/projbiota/frugivoria/
Data de Vigência 01/12/1998 - 30/11/2002
Equipe João Vasconcellos Netto, Eleonore Zulnara Freire Setz, José Roberto Trigo, Waldir Mantovani, Paulo De Marco
Instituições Participantes Departamento de Zoologia, UNICAMP; Departamento de Ecologia Geral, USP; Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de Viçosa
Bioma Mata Atlântica
Resumo As interações mutualísticas entre as angiospermas e os vertebrados frugívoros atingiram seu clímax nas florestas tropicais, onde muitas espécies de aves e mamíferos contribuem com sucesso para a dispersão de sementes de várias famílias de plantas. Especialmente nos neotrópicos, os frugívoros representam um componente significativo, porém bastante frágil, da biomassa total de vertebrados, sendo fortemente afetados pela fragmentação ou deterioração de seu habitat, o que provoca consequências imprevisíveis para as plantas que dispersam. Tradicionalmente, os estudos de biodiversidade apoiam-se em inventáriosde animais e plantas de uma determinada localidade, porém com enfoque reduzido ou mesmo ausente sobre a estrutura trófica que interliga os diferentes taxa, a qual vai determinar a manutenção da heterogeneidade espacial e diversidade taxonômica nas florestas tropicais. O objetivo geral deste projeto é avaliar e monitorar a biodiversidade das interações entre angiospermase vertebrados frugívoros, nos seus aspectos qualitativo e quantitativo, bem como investigar os principais padrões ecológicos e evolutivos que regulam as associações mutualísticas nessas comunidades. O bioma escolhido paratestar essa nova abordagem metodológica é a mata atlântica do sudeste do Brasil, um ecossistema bastante ameaçado que se estende numa faixa de largura variável ao longo da região costeira do estado. Este objetivo será alcançado através das seguintes etapas: 1.Registro da dieta de vertebrados frugívoros; 2.Descrição das características morfológicas, fenológicas, químicas e comportamentais das espécies envolvidas; 3.Elaboração de uma matriz de interações entre animais e plantas, que servirá como base para análises qualitativas e quantitativas; 4.Comparação do número e coesão das interações entre diferentes comunidades, através do cálculo de valores que expressem a complexidade e estabilidade do sistema, como por exemplo a "conectância" e a "dependência" (sensu Jordano, Am. Nat.129: 657-677, 1985); 5.Correlacionar estes valores com os padrões de composição específica das comunidades, verificando o uso potencial de vertebrados frugívoros como espécies-indicadoras em estudos de biodiversidade e conservação. Serão estudadas duas áreas no setor sul da mata atlântica paulista (Serra do Paranapiacaba), uma na baixa dae outra ao longo das cristas da serra (provavelmente Parque Estadual Intervales). Cada área será visitada bimestralmente durante dois anos consecutivos. Os dados sobre a vegetação consistirão de coleta e identificação de plantas zoocóricas, características do habitat, morfometria de frutos e sementes, registro fenológico, análises químicas dos nutrientes e compostos secundários dos frutos. Os dados sobre os frugívoros consistirão de observações do comportamento alimentar, coleta de amostras de fezes em redes de nylon (para aves e morcegos) e ao longo de trilhas no ambiente (outros mamíferos), descrição e medida das características morfológicas associadas à frugivoria (obtidas em campo ou em museus). Como aves e morcegos são os mais importantes dispersores de sementes em sistemas tropicais, e suas técnicas de estudo e amostragem permitem comparações múltiplas numa mesma e entre diferentes comunidades, ambos os grupos serão usados como componentes-chaves na análise global das comunidades de frugívoros nas áreas estudadas. A matriz de interações permitirá correlacionar as variáveis morfométricas (massa dos frutos e sementes, número de sementes por fruto, largura do bico, peso do corpo, etc) e químio-fisiológicas (padrão de deposição de sementes nas fezes, conteúdo energético e nutritivo dos frutos) das espécies de plantas zoocóricas e seus agentes dispersores. Os valores obtidos na matriz para a interação de pares de espécies, guildas alimentares ou mesmo para a comunidade completa de frugívoros,serão comparados e utilizados na avaliação da diversidade e integração funcional das comunidades estudadas, resultando em informação básica que poderá ser aplicada a programas de conservação e manejo. Este projeto terá a duração de quatro anos: dois na área de baixada e dois no alto da serra. Como avariação altitudinal e as mudanças climáticas de um ano para outro podem afetar a estrutura e a fenologia da vegetação, a coleta de dados em cada área durante dois anos consecutivos fornecerá um diagnóstico mais completo sobre os determinantes espaciais e temporais que modelam as interações nas comunidades. Todos os dados serão geo-referenciados através de sistemas de informação geográfica. Caso esta abordagem metodológica no estudo dos padrões de diversidade mostre-se eficiente e operacional, poderá ser aplicada também a outras localidades da mata atlântica, bem como a outros biomas cuja dinâmica das interações frugívoros-plantas é ainda pouco conhecida, tais como a floresta estacional semidecídua e o cerrado do interior do estado de São Paulo. Devido ao seu amplo escopo, este projeto integrará vários estudos complementares que fornecerão informações úteis para detectar os padrões e mecanismos gerais que atuam sobre as interações frugívoros-plantas. Estes estudos poderão abordar diferentes aspectos botânicos e zoológicos, envolvendo diferentes níveis de complexidade, como por exemplo, trabalhos de iniciação científica, aperfeiçoamento, teses de mestrado e doutorado.
Produtos Esperados Este projeto prevê também os seguintes desdobramentos: 1) criação de um banco de dados sobre frugivoria em vertebrados neotropicais, a ser desenvolvido em colaboração com a Base de Dados Tropicais da Fundação Tropical de Pesquisas e Tecnologia "André Tosello". 2) organização de uma coleção de referência de sementes dispersas por vertebrados (já iniciada), no Laboratório de Interações Vertebrados-Plantas (LIVEP) da UNICAMP. 3) organização de um "centro de documentação visual da biodiversidade" (banco de imagens), gerenciado pelo Museu de História Natural da UNICAMP, que fornecerá apoio a atividades de pesquisa, ensino e extensão. 4) realização de um simpósio internacional sobre frugivoria e dispersão de sementes no Brasil, em meados de 1999 ou 2000.
Palavras-Chave interações, mata atlântica, plantas, vertebrados
Coletas 39
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